Publicidade Homem Aranha

Publicado: 6 de julho de 2010 em Opiniões, Textos

Ontem à noite assisti Homem Aranha. Fazia tempo que eu não dava uma descontraída e assistia filmes assim. Foi bem legal.

Mas como sempre, eu não consegui me desligar e fiquei analisando o roteiro, a construção das cenas, a fotografia e nisso, nessa análise constante, percebi algo que ainda não havia notado.

O Homem Aranha só é o que é porque vive em uma cidade com muitos prédios. Toda a sua aura misteriosa, suas benfeitorias e seus poderes só têm sentido em uma cidade como Nova York, com centenas de prédios. Não fosse isso, se ele morasse em uma cidade do interior com casas de no máximo três andares, seria muito mais útil que o super-herói fosse o Homem Cachorro, Homem Barata ou qualquer mistura com um animal/bicho/inseto urbano.

Até aí tudo bem. Mas fiquei observando para ver como ele utilizava os prédios e para minha surpresa são poucas as vezes que se vê no filme ele grudando a teia em um prédio. Dois momentos flagrantes em que podemos perceber isso ocorrem no final do filme:

  1. Peter Parker desce Mary Jane Watson com uma teia até um barco (isso tudo depois de derrotar o doutor Octopus). Mary Jane abraça seu namorado corno e olha para Peter Parker, que está no alto de um guindaste do porto de NY. Peter Parker põe sua máscara, dá um salto e joga sua teia aonde? Aonde? Em lugar nenhum! Não há nenhum prédio na volta. Ele está longe de tudo. E o que me resta imaginar foi que ele grudou a teia na parte superior do meu televisor (e do seu também).

    Homem Aranha grudando sua teia na lateral da foto

  2. Mary Jane Watson foge do casamento pela manhã e chega no AP do Peter Parker à noite – atravessar a cidade com um vestido de noiva deve ser muito difícil mesmo, mas isso não vem ao caso – e ela está à porta do AP do mocinho. Ambos se declaram, um para o outro. Mas ao fundo ouve-se sirenes da polícia perseguindo algum bandido. Mary Jane diz: “pega eles, tigrão!”, e Peter vai.  E em toda a cena que se segue, além de atravessar em meio às hélices dos helicópteros, ele gruda suas teias aonde? Me digam, vamos? Exatamente, nas laterais dos nossos televisores!

É por isso que eu digo: quando se trata de uma super produção não precisa fazer sentido mesmo!

E dizer tudo isto para quê? Para falar de Cannes, é obvio!

A algum tempo atrás vi em um videocast por aí alguns diretores de arte explicando porque estava cada vez mais difícil se ganhar um Cannes, porque o Brasil não conseguia. Eles explicaram que hoje em dia não basta só ter uma grande idéia, é preciso saber produzi-la e envolvê-la nos mais variados meios e tecnologias. Bobagem!

Suponhamos que a Publicidade seja o Homem Aranha e as grandes idéias criativas são os prédios. O Homem Aranha tem que grudar suas teias nos prédios (grandes idéias) para salvar o indefeso público alvo. Comparação tosca, mas é a verdade.

Se hoje em dia o conceito de grande campanha está ligado à superproduções como a do filme, a publicidade nada mais está fazendo do que grudar suas teias nas laterais da nossa TV. As grandes produções e diversas novas mídias tem se tornado um fim em si mesmas. Fazem ótimas campanhas online, filmes mais bem produzidos que Avatar, grandes investimentos, mas só. Sem idéia, sem alma, sem criatividade.

Acredito sim que todas as campanham devam ser bem produzidas e que tenham formas variadas de atingir o público alvo, mas a alma do nosso negócio, o que dá sentido à nossa profissão ainda é a grande idéia, a criatividade.

Por isso, mais uma vez acredito que os novos publicitários que estão entrando no mercado, nós, devemos ser os responsáveis por acreditar na super idéia, não na super produção.

Nós somos os Peters Parkers por detrás da publicidade, nós que salvaremos o público alvo. Essa é a nossa identidade secreta e essa é a nossa missão.

Abaixo está um vídeo que possui a super idéia. Se este vídeo fosse produzido a 30 anos atrás ou feito daqui a 30 anos não perderia seu impacto e poder. Esta é uma das características das grandes idéias, atemporalidade. E aposto contigo que não gastaram mais de milão pra fazer este filme!

sugestão do vídeo by http://blogcitario.blog.br/

Geração Autópsia do ET

Publicado: 4 de julho de 2010 em Clássicos, Opiniões, Textos

Se formos analisar como se constitui a sociedade brasileira, veremos que ela é formada por várias gerações.

Temos a geração dos Anos de Chumbo, que lutou contra a ditadura nas décadas de sessenta e setenta. Temos também da famosa geração Coca-Cola, dos anos oitenta, que estava começando a aproveitar o fim da ditadura e que vivia um novo começo social brasileiro: as Diretas Já. Na década de 90 tivemos os Caras Pintadas, que ao meu ver, foi o último movimento organizado e significativo em prol do bem comum na sociedade.

E na publicidade, cada geração deixou a sua marca. Nizan Guanaes e Washington Olivetto marcaram os anos oitenta com o comercial dos Jeans Staroup. E não podemos esquecer do tio da Sukita, na década de noventa.

Depois disso, o que tivemos? Qual foi a geração que surgiu? Qual foi o grande comercial que marcou e falou sobre a nossa época?

Eu, do alto dos meus vinte e poucos anos, me considero da geração Autópsia do ET. Isso mesmo.

Faço parte de uma geração que teve sua infância assolada pelas reportagens sobre o ser extraterrestre. Era um suplício ter que assistir aquilo. Só de ouvir a vinheta do Fantástico já me dava arrepios. E tenho certeza que vocês hão de se lembrar que este tema foi apresentado exaustivamente. Não havia uma chamada para o próximo bloco que não aparecesse imagens do ET ali, deitado e pronto para a autópsia.

Maldita autópsia!

E a voz catacúmbica do Cid Moreira falando: “não percam, no próximo bloco, a Autópsia do ET, verdade ou mentiraaaaaa?”. Era cruel demais com as crianças!

Até que um dia, ao ver que a autópsia não causava mais tanto terror, surgiu o chupa-cabra. Bicho maldito! Mais um ser para nos meter medo.

E como se não bastasse tamanha crueldade com as crianças, surgiu o ET de Varginha. Pronto, agora nem mais em nosso próprio país latino americano estávamos a salvo! E eu achando que seres extraterrenos eram luxo apenas dos países mais desenvolvidos.

Mas enfim, sou de uma geração afetada pelo medo. E pelo Fantástico. Sou da geração Autópsia do ET.

E como isto afeta a publicidade? Ora, eu, assim como todos os publicitários da minha idade, devemos compreender que cada geração tem uma visão de mundo diferente. Tem valores e princípios que mudam com o passar dos anos. E que isso influencia diretamente na maneira de comunicar com nosso público alvo.

Temos nossa própria linguagem. Temos nossos próprios jargões e costumes.

A partir de agora, como a futura geração de publicitários dominantes no mercado, devemos ter a preocupação de falar do que sabemos e somos para a nossa geração, que será a futura geração dominante de consumidores.

É nossa missão recriar e moldar a publicidade para a nossa geração. Falar na nossa língua sobre as coisas que vivemos. Devemos ser gratos pelos caminhos já abertos pelos que vieram antes de nós, mas agora devemos construir a nossa própria jornada.

E viva a nossa geração!

Agências lendárias – W/Brasil

Publicado: 2 de julho de 2010 em Agências Lendárias

Como todo bom estudante de publicidade ainda imagino como será trabalhar em uma grande agência. Enquanto não chego lá decidi reunir algumas das lendas que já ouvi falar sobre as agencias que são sonhos de consumo de qualquer publicitário. Se são reais, não sei, mas para mim só me fazem achar o mundo publicitário mais misterioso e interessante.

W/Brasil

Como aspirante a redator não poderia deixar de começar por ela, a grande, a fantástica, a mística W/Brasil.

Para mim, ela é uma das 10 agencias em que pretendo trabalhar, mas apenas enquanto Washington Olivetto estiver lá. Poder aprender com o cara, vê-lo trabalhando, e quem sabe, trocar algumas idéias com ele. Fico imaginando que cada frase que ele fala deve ser uma grande sacada.

Li o livro sobre a W/, o Na Toca dos Leões, e lá fala que que houve uma época em que o W. O. (que ousadia a minha chamar ele assim), que fazia no final do expediente banquetes com coxinhas do Frangó regados à wisky. Ele disse que parou com este costume por prejudicar a saúde do pessoal. Imagina se não prejudicaria…

Acontece que muito da aura que envolve a W/ vem do Washington, isso não tem como negar. Não importa o quanto falem ou o que falem sobre ele. E eu sou fã do cara!

Imagina, tu estar ali, lado a lado do maior publicitário do século! o Donald Drapper de nossa época.

Enfim, a lenda sobre a W/ é o glamour e a sua história. A trajetória do seu fundador, sua criação, seu crescimento e seus feitos povoam a imaginação dos futuros publicitários como eu. Ela é um exemplo para todos aqueles que pretendem abrir uma agencia. Por isso que ela não só tem lendas, mas é uma com toda a certeza.

Ps: se vocês tiverem alguma lenda sobre alguma das agências citadas acima, por favor, me enviem. As melhores lendas serão postadas aqui.

Uma imagem vale por mil palavras

Publicado: 2 de julho de 2010 em Opiniões, Textos


“Frases como a célebre ‘Uma imagem vale por mil palavras’ ganharam terreno sem que as pessoas se dessem conta de que o que ganhou fama foi a frase – que não é formada por imagens, mas por palavras.”

O Deus da criação – Adilson Chavier

Ontem estava no avião voltando para o Rio Grande depois de longos meses em SP e estava lendo um livro muito interessante sobre publicidade, de onde tirei a frase acima.

Na hora, quando li a frase, fiquei chocado. Como que nunca tinha percebido isto antes? Talvez até você não tenha percebido também. E talvez também não tenha percebido como as novas gerações de estudantes de publicidade supervalorizam o poder das imagens e se esquecem da beleza e do impacto que as palavras podem causar.

Na faculdade onde estudo sou um dos responsáveis da agência Junior, e todo ano recepcionamos os novos alunos, apresentamos os setores da agência e tentamos encaminha-los às áreas de sua preferência. Perguntei aos novatos quantos deles gostariam de ser redatores, ninguém gostaria. Parti para a psicologia, tentando descobrir o redator oculto dentro de algum dos que estava ali. Comecei perguntado quantos leram algum livro nas férias. Quantos haviam lido algum livro nos últimos três meses. Quantos gostavam de escrever. E me surpreendi, pois em uma turma de 60 alunos, nenhum havia lido nenhum livro nos últimos três meses e nenhum deles gostava de escrever.

Tirando aqueles que entraram no curso de PP porque acham isso descolado, a maioria deles pretendia ser diretor de arte. Não estou falando isto pelo glamour da profissão ou por achar que a área de redação é o cerne da publicidade, mas o fato é que não se dá o devido valor ao poder que as palavras tem. A publicidade não tem dado o devido valor.

Trabalhei em duas agências que não viam muitas vantagens em se desenvolver a área de redação. Acreditavam que isto era um luxo para grandes agências com grandes clientes. Eu estava ali apenas para corrigir textos.

No outro extremo estão as agências que acreditam no poder das palavras, desde que juntas criem boas sacadinhas. Aquelas que acreditam no poder do “no nosso mês de aniversário quem ganha o presente é você!”.

E distantes, solitárias em meio a tudo isto, estão aquelas agências que acreditam que a suas palavras são capazes de encantar, surpreender e mudar a mente e o coração dos consumidores. Elas podem ser grandes ou pequenas, mas são capazes de compreender isso. E estão repletas de pessoas capazes e inteligentes, dos redatores aos diretores de arte, passando pelos mídias, atendimento, planejamento aos próprios donos de agências, que lutam para que suas palavras valham tanto quanto as imagens.

É em agências assim que quero trabalhar e com pessoas assim que quero aprender.

Hitler – Folha de São Paulo

Publicado: 7 de outubro de 2009 em Clássicos
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Comercial criado por Nizan Guanaes na sua época de W/Brasil, com direção de criação de Washington Olivetto. Um dos dois comerciais brasileiros que está na lista dos cem melhores comerciais do mundo. Mesmo sendo redundante é preciso dizer: redação perfeita.

Keep Walking, Keep Moonwalking

Publicado: 7 de outubro de 2009 em Opiniões, Textos

Keep walking. Continue caminhando, continue em frente. Este foi, e é, um dos slogans mais conhecidos do mundo. Além disso é um dos raros exemplos de slogans que expressam a alma de uma marca. Uma busca constante pelo melhoramento de seus produtos e por formas cada vez mais criativas de divulga-los.
Moonwalking. O filme de maior sucesso do Rei do Pop, Michael Jackson. Um filme que foi construído com todos os clipes e passos de dança que Michael já realizara até então.
Mas o que estas duas coisas tem a ver? Este blog! Sim, um blog sobre publicidade.
Publicidade é isso, uma caminhada sempre em busca de novas formas, cada vez mais criativas, para divulgar seus produtos. Podem ser formas clássicas, como é o filme Moonwalker, ou formas inovadoras, como o filme foi na época em que foi lançado. No final das contas, boa publiciade se torna algo atemporal. Como o filme e o slogan do Johnny Walker.
Além do mais, moonwalking (caminhar na lua), é atingir aquilo que apenas poucos homens conseguiram na historia do mundo. Melhor ainda, se a nossa caminhada em busca da melhor publicidade nos levar até lá. Então, keep walking, keep moonwalking.